Vou falar antes do tempo (mas espero que não faça mal)

Andamos bastante tempo às voltas com quem nos faria as obras em casa. Não há nada de muito significativo; apenas uma vista geral e umas paredes abaixo, mais pinturas, chão, essas coisas. Não é uma obra de monta mas para nós é a obra de remodelação mais importante de sempre.

Pedimos três orçamentos a três pessoas / empresas diferentes e adoramos desde o primeiro minuto a empresa que acabamos por escolher. Foi de um grande profissionalismo no tratamento de tudo e acabamos por adjudicar. Falamos com bastante frequência, nós vamos acrescentando "já agora's" às obras e somos imensamente bem tratados. É difícil dizer isto de empreiteiros (não se zanguem) mas sentimos que podemos confiar nesta empresa. Em especial, os contactos são feitos com a arquitecta, que é bastante disponível, dá ideias, propõe coisas e tem corrido tudo muito bem. Ainda não nos zangamos, ainda não tivemos atrasos. Verdade que as obras ainda não acabaram, mas pelo andar da carruagem, parece-nos que chegaremos a bom porto. A data inicial de entrega era dia 5 de Dezembro, embora nos tenha dito que possivelmente será antecipado. Está quase !

Uma das coisas que me disse no dia em que entregamos a casa para o início das obras - e em tom de brincadeira, naturalmente - foi que só podíamos lá voltar no fim, para o efeito surpresa. Contávamos ter acompanhado de perto, com idas pessoais todos os dias, mas o P. esteve fora o tempo quase todo e eu acabei também por não ir. Conclusão: fomos uma vez a nossa casa e não chegamos a entrar na parte que está a ser intervencionada porque estavam a trabalhar. Ou seja, entregamos a casa e vamos só vê-la no fim, seja o que Deus quiser!

Hoje a arquitecta ligou-me para confirmar uns detalhes da caixilharia e dizia-me que o chão estava lindo, a sala cheia de luz, as paredes quase prontas, que iria notar uma diferença enorme quando lá fosse. Estou em pulgas, daquelas bem saltitantes que não nos deixam sossegar. Quero ver tudo ontem! Encher a casa de nós e ir para lá viver já.

Não vou dizer que não há sempre um bichinho presente que me diz que isto ainda pode correr tudo mal; as obras atrasarem, não gostarmos do resultado, ficar um trabalho mal feito ou - pior do que tudo o resto junto - não gostarmos da nossa casa, não nos adaptarmos ali. Tento calar este bichinho mas ele vai sussurrando de vez em quando para não me esquecer dele. É o meu lado pessimista que me diz tantas, tantas vezes que quando corre tudo tão bem é porque estará algo de mal para acontecer (isto precisa de um post exclusivo, qualquer dia destes).

Fora isso, e falando claramente antes do tempo, esperando no entanto que isso não faça mal, querida empresa, estás aprovada!

Vinha a ler um artigo na Visão sobre violência doméstica nos homens, que tem aumentado e sobre mulheres que se servem das tácticas mais inacreditáveis para os agredir, e lembro-me do dia em que me entrou uma mãe no escritório que me disse:

- Ele paga a pensão de alimentos em dinheiro, podíamos dizer que não paga porque não há provas.

E de facto, a humanidade é capaz do melhor e do pior.


Unhas outra vez

Falei aqui da minha decisão de aderir ao gel mas, novata nestas matérias, cometi uma imprecisão. Afinal não é gel; é verniz de gel. E isto aparentemente faz toda a diferença.

Principais diferenças entre gel e verniz de gel?
Não faço ideia.

O Google por sua vez sabe e diz-me que o gel é mais artificial (uma espécie de uma unha postiça - detesto esta palavra - colocada em cima da unha), enquanto que o verniz de gel é um verniz, colocado em cima da unha verdadeira, algo semelhante ao tradicional mas com acabamento xpto que dura e dura e dura.

Na prática deverá tudo ir dar ao mesmo: unhas bonitas e ponto final.

Consequências depois de tirar?
É como o outro, isso agora não interessa nada porque o futuro a Deus pertence e quem espera sempre alcança.
Adiante.



Já marquei na agenda e por isso está escrito em pedra e mais à frente neste programa falaremos dos resultados, efeitos e outras coisas que tal. A emissão segue dentro de momentos.

Não cuspas para o alto que te cai em cima

Aqui há uns quatro ou cinco anos, fomos um dia almoçar a casa de um dos administradores da empresa do P., um casal da nossa idade, com quem nos damos bem.

Na altura, já ele – o administrador – viajava imenso e o P. alguma coisa, mas menos.

Por esse motivo, eu conseguia acompanhar todas as viagens dele. Sabia sempre onde estava, fazia tracking religioso de todos os voos (há sites maravilhosos para isso), sabia todas as horas de chegadas e partidas, destinos, escalas, tudo ao detalhe.

Nessa altura, a mulher desse administrador dizia-me que não fazia ideia onde o marido andava a maior parte das vezes. Sabia, às vezes mal, em que dia chegava e voltava a ir, mas os voos, os destinos, as cidades, os países, já não conseguia acompanhar, tantas e tão constantes eram as viagens.

Aquilo soou-me quase a aberração. Eu que acompanhava todos os voos pelo computador, a ver o avião a atravessar os mapas, sabendo tudo ao pormenor. Como era possível ela não saber por onde viajava o marido?

Outro dia, na véspera de mais uma viagem do P., dei comigo a perguntar-lhe:

- Vais para onde mesmo?

Já só falo de Natal!

Ia postar aqui a letra da Ana Faria sobre a Joana que gosta de todas as festas que o ano tem mas a que mais gosta é o Natal.

Procurei no google a letra e nos resultados apareceu-me isto:



Portanto, sou igual a mim própria.
E é isto, outra vez.

O Mundo e as estrelas e os sóis e as luas

Estou no meio da ponte, como o burro.

Quero que a minha filha saiba que o Natal não é só prendas, dar e receber, embrulhos e laços.
Que o mais importante é reunir a família, ter um tempo de paz que se possa prolongar o ano inteiro. Que os sentimentos, as memórias, as vivências são o que temos de maior e os presentes apenas dão mais cor sem serem o essencial. São uma parte significativa também, não vou ser fundamentalista. Principalmente para as crianças. O que para mim importa, agora que ela tem dois anos, é que possa construir memórias que sejam muito mais completas do que o desembrulhar prendas. Mas que ganhe também gosto por dar. O Natal também são as prendas mas não é só sobre as prendas.

Com isto em mente, compramos-lhe o que ela pediu: um panda enormeeeee (é como ela diz) e um livro mas (ainda) não lhe compramos mais nada. Aqui entra a ponte e o burro, que sou eu. Compro-lhe mais alguma(s) coisa(s) e encho o Natal dela com mais prendas? Ou dou-lhe só o que ela pediu e debaixo da árvore encontra só um presente para desembrulhar?

Que ninguém venha com o politicamente correcto e me diga que parte do encanto não é, também, ter muitos embrulhos para abrir. Claro que é. Tenho as melhores memórias do Natal - ainda hoje é a festa de que mais gosto - muitas delas nada têm a ver com prendas, mas com pessoas, cheiros, sabores, tradições - mas há uma recordação maravilhosa da manhã do dia 25 em casa, com os nossos sapatinhos cheios de prendas. Gostava que a minha filha construísse memórias felizes. Sei que não são os bens materiais que nos dão mais felicidade mas ela é pequena e vai ter tempo para crescer, Apetece-me dar-lhe o mundo e as estrelas e todos os planetas e cometas e astros e sóis e luas e dar-lhe (só) um Panda, parece-me tão pouco. 

Natal também é tempo de agradecer. Estamos tão, tão gratos por ela que a queria encher de prendas como forma de lhe agradecer. Ela sim é um verdadeiro Natal na nossa vida, todos os dias. Gostava que soubesse disso. E há uma parte de mim que acha que ela poderia perceber melhor se tivesse trezentos embrulhos para abrir. E outra parte que me diz que não, que ela já sabe.

Claro que vão haver outras prendas, dos avós, dos tios, dos amigos. A nossa família é enorme e dia 25 estaremos todos juntos, de certeza que com vários embrulhos à volta. Mas na nossa casa, nós os três, será que juntamos mais alguma coisa ao Panda?

             

Under construction

Ou update das obras..!

Pois que a nossa casa fofinha que só ela está em pleno processo de obras. Quando vi a parede da sala completamente deitada abaixo tive um suor frio mas diz quem sabe que a coisa se vai compor e que dentro de duas semanas temos tudo prontinho a habitar (Yeahh!)

Depois disso, o movimento "mudanças" entra em grande força e antes do final do ano estaremos na nova casa.

Quando olho para tudo o que temos de fazer, apetece-me virar para o outro lado e continuar a dormir. É engraçado pensar como é possível "desmontar" por completo uma casa para a enfiar noutra. Tantos quadros, cortinas, varões, fotografias e ainda o recheio de todos os móveis, gavetas, gavetões..! Medo!

De resto, estou super entusiasmada com esta nova fase. Ando maluquinha a pensar em todos os detalhes de decoração, cores, pinturas, móveis novos! Gostava de ter uma conta bancária ilimitada para fazer tudo já e ter a casa perfeita em cinco minutos. Embora, reconheço, haja também alguma magia em ir construindo - é este o argumento em que tenho de me focar visto que tudo já não é possível.

Temos uma lista infindável de coisas a comprar / tratar, vários apontamentos de decoração já escolhidos e só à espera que as obras acabem e - maravilha das maravilhas - um fim de semana prolongado e uma semana de férias em Dezembro para tratar de tudo com tempo e alma.

Também já começamos a preparar a C. para a mudança.
Esta é na verdade a parte mais difícil para mim. Tirá-la da nossa casa, onde ela se sente tão bem, onde conhece tudo, se movimenta perfeitamente, para ir para um sítio diferente onde tudo é novo. Onde não vai saber onde é a gaveta dos talheres, a casa de banho da C. ou o escritório do pai. Bem sei que aprende. Foi assim quando saímos de Lisboa para aqui. Mas eu, que sou bastante avessa à mudança, gostava de evitar essa parte. De uma outra perspectiva no entanto, poder-se-ia dizer que para uma criança um mundo novo para explorar é o sonho. Mas eu fico desconfortável com a imagem de tirar a minha filha um dia da casa dela, para a levar para outra casa qualquer e nunca mais ver a primeira (sou complexa, eu sei). Vou tentar não pensar nesta parte e olhar só para o resto - que é enorme e espetacular! Casa nova, vida nova!

Black friday


Já não se aguenta a rádio e a publicidade, pois não?
Ou isto sou eu ressabiada com o facto de estar a trabalhar sexta-feira e não poder aproveitar os saldos?

Nem uma coisa nem outra, porque não posso fazer compras (lembram-se?) mas acho muito bem que as façam. Bom proveito!

Desde que falamos do desafio um mês sem compras, as minhas aquisições resumem-se a:

- Prendas dos Anjinhos;
- Livros para a C.
- Meia prenda do meu irmão

E acho que foi isso.
Mas já morri de amores por umas botas para a C. e precisava mesmo (mesmo!) de repor a minha base, que acabou. Vou controlar-me mais um bocadinho e pode ser que o Pai Natal ainda esteja aí atento.





O pai voltou para casa

Tive o homem fora de casa duas semanas.
Duas semanas que pareceram três meses.
A C. pergunta pelo pai e dizemos que está a trabalhar no avião. É a diferença entre só estar fora durante o dia e estar vários dias longe. Acho que ela se constipa quando ele não está e estou quase a criar a convicção de que também não dorme tão bem. Hei-de pensar sobre isso, mas antecipando, esteve duas semanas em que acordava pelo menos três vezes por noite e desde que o pai chegou dorme noites inteiras, sem ninguém a ouvir (coincidência?).

Quando o P. chegou a C. tinha acabado de acordar e de repente fez-se Verão, Natal e crepes de Nutela na vida dela, tudo ao mesmo tempo. Tal e qual como se visse o Panda ao vivo e a cores. Ficou maluquinha, a correr por todo o lado, aos saltos, a gritar "pai olha!!" e a mostrar-lhe tudo o que tem. Um histerismo só. Desde esse dia que se ouvem gritinhos e gargalhadas mais alto do que nos outros dias. Um pai e uma filha que brincam e que são de certeza o quadro mais giro que temos em casa. E uma mãe que desejava poder viver de sol e risos para sermos sempre assim.

A pedido de várias famílias

E agora para algo cheio de animação, boa disposição e vontade, as coisas boas do meu trabalho:

1. Tenho trabalho
2. Tenho 25 dias de férias por ano
3. Em alguns anos, 27
4. O horário que está no contrato é das nove às cinco
5. Tenho seguro de saúde
6. E de vida
7. Estou várias em regime de teletrabalho
8. Há benefícios na educação dos filhos até à universidade
9. O vínculo é sem termo
10. O vencimento é pago sem qualquer atraso
11. Fui aumentadas duas vezes no último ano
12. Faço exames de saúde regulares
13. Oferecem a vacina da gripe
14. E alguns mimos de vez em quando
15. Fica a menos de 5 km. de casa
16. Tenho estacionamento gratuito
17. As pessoas no geral são simpáticas
18. Há preocupações de higiene e segurança nos edifícios
19. Há lanches de Natal, Páscoa, São Martinho etc.
20. Pratica-se a solidariedade em diferentes formas
21. O meu portátil cabe em qualquer carteira
22. O café custa 0,10 €
23. Os chocolates, 0,50 €
24. Não almoço lá, mas há refeições completas a € 4,50
25. É conhecido e confortável
26. Recebemos bilhetes para concertos, corridas e eventos
27. Deu-me alguns bons amigos
28. Tinha sessões de drenagem linfática manual quando estava grávida
29. No geral, apoia a parentalidade
30. E cumpre o código do trabalho 
31. Manteve vários feriados quando os feriados passaram a dias úteis
32. Há anos em que recebemos prémio
33. Tratam-me bem
E acho que é isso.

Coisas boas de Novembro

Pois que o mês ainda não acabou e já temos jantares de Natal a serem marcados.
Gosto muito!

Profissão mãe

Todos os dias sem excepção, desejo que a minha profissão seja apenas mãe. Sem computadores e livros e reportes e controlos. Sem pressão que a não a da maternidade; sem compromisso que não o de educar, formar, construir, fazer crescer; sem obrigação que não o gosto.

Todos os dias sem excepção, preferia ficar com a minha filha do que fazer outra coisa qualquer; do que ter de pegar no carro e ir para a empresa, para estar horas a olhar para algo que me frustra, zanga, às vezes desespera; para chegar a casa muitas vezes frustrada, irritada, desesperada, tantas vezes sem paciência.

Todos os dias sem excepção, quem me dera poder ser apenas mãe de profissão, convicção e carreira, quando ser mãe é tanto mas tão mal reconhecido.

Quem me dera não ter de trabalhar noutra coisa.
Quem me dera não precisar.

Quem me dera que reconhecessem (o Estado reconhecesse) a maternidade como opção de vida, para quem por isso quisesse optar. Quem me dera que fosse importante, como uma profissão, mesmo como as que não importam são.

Quem me dera poder escolher. Porque a maior prisão, é não ter escolha.

Outra vez a lista


Escrever um livro
Voltar a Nova Iorque
Comprar uma casa
Plantar uma árvore
Ir ao Rio de Janeiro
Voltar a correr
Passar um sábado em Paris
Trabalhar em turismo
Colaborar com uma revista
Voltar à Eurodisney
Visitar a livraria Lello
Fazer voluntariado

Não começamos pelas coisas mais importantes, mas não tinha propriamente ordem. São objectivos que não quero perder de vista. Nem se quer são as "dez coisas antes de morrer." Simplesmente coisas a fazer.

Desta vez, fizemos a compra da casa.
Não sei bem explicar porque é que isto é tão importante para mim.

Há a parte financeira, claro. Quando penso no dinheiro que já deixamos em arrendamento, percebo que teria dado para a entrada desta casa e isso dói-me um bocadinho.

Mas nem se quer é o mais importante.
Sinto que uma casa arrendada nunca é verdadeiramente a nossa casa (embora me tenha sempre sentido confortável nas casas por onde passei) e não é bem definitiva. Gosto dos para sempre. Numa casa nossa podemos fazer tudo aquilo que quisermos, incluindo pendurar quadros sem ter de a pintar quando de lá sairmos. Gosto de pensar que posso estender as minhas raízes de árvore e que não vão ser cortadas. E que esta casa é nossa e que um dia vai ser dos nossos filhos e que os nossos netos vão dizer que aquela é a casa dos avós
(se o meu homem estiver a ler isto, está prestes a ter um ataque de nervos).

Estou imensamente feliz com este passo. 
Sinto que é exactamente a coisa certa no momento certo - oxalá não estejamos errados. Como se tudo encaixasse. Sei também que é só uma casa. Mas é nossa casa e isso faz toda a diferença.

Objectivo fotografia

No Verão fiz uma publicação no Instagram de um grande plano do olho da minha filha, com uma legenda sobre a urgência da fotografia na minha vida. A verdade é que o meu homem me deu um maquinão e um curso e eu continuo a sentir que tenho um Ferrari mas me faltam quilómetros. 

É um lugar comum dizer que quem quer fotografar bem tem de fotografar muito; mas eu não o faço tanto assim. Por um lado porque continuo a reservar para momentos mais especiais; por outro, porque a fotografia de crianças em movimento tem mesmo muito que se lhe diga. Como a C. não está um segundo quieta, das quinhentas fotografias que tiro, aproveito meia dúzia. Há uma grande dose de frustração. Acho que já me devia sair melhor, mas como ainda acho que não saio, não tiro tantas fotografias como devia para melhorar efectivamente, logo não pratico e isto é um ciclo vicioso.

No curso também nos disseram que é normal que uma grande parte das fotografias não seja efectivamente boa. Eu tornei-me mais exigente. Sinto que o que até agora considerava boas fotografias (as do telemóvel, por exemplo), são agora piores. Ao longo deste ano tiramos algumas fotografias que estão absolutamente perfeitas (para aquilo que é o nosso gosto pessoal, naturalmente) e sem dúvida que elevaram os meus padrões. Não é qualquer fotografia agora que me enche as medidas e sou mais esquisita. Isto também não ajuda. 

Para além disso, acho que perdi um pouco de desenvoltura a alternar entre as aberturas e velocidades, que é uma coisa que só a prática nos traz e sinto que trabalho sempre no mesmo modo (que, pelo menos isso, já não é o automático). Isto deve-se a alguns factores mas em especial ao facto de querer fotografar rápido para não perder algum momento. Acabo por ficar presa nos mesmos valores.

Estou encantada com a fotografia e o grande desafio é sem dúvida complicar menos e fotografar mais. Em 2017 a máquina vai ser a minha melhor amiga, companheira de todos os momentos, e não só dos especiais, e vou fazer outra formação, especializada em fotografia de família / retratos / crianças.

Não sei bem como é que isto foi cair em resoluções de ano novo, mas está decidido

Desafio: um mês sem compras

Decidi impor a mim própria um desafio de estar um mês sem comprar absolutamente nada - à excepção claro está de bens de primeira necessidade, medicamentos ou café (ninguém vive mesmo sem cafeína, pois não?)

Todas aquelas outras coisas onde vamos largando euros, uns pequenos, outros maiores, como roupa, acessórios, maquilhagem, cadernos e canetas, jornais e revistas, coisas em geral, para mim, minha filha, marido, amigos ou resto da família está tudo - absolutamente tudo - suspenso por trinta dias.

E porquê?
Primeiro porque tenho tentado sem sucesso fazer um registo mensal das minhas despesas (há várias aplicações para isso que tentei usar e fracassei) mas como não consigo manter a pendência, acabo por perder o controlo;
Depois, porque tenho uma sensação incómoda de que gasto mais dinheiro do que devia.

Atenção - isto é importante - há sempre poupança na nossa vida, sempre sem excepção e jamais em tempo algum gasto acima do que posso.
Mas confesso que às vezes compro coisas só porque sim; não preciso propriamente delas, mas gosto de fazer compras (guilty!).

Qual é o senão deste desafio?
Como está bom de ver, é impossível implementá-lo a um mês (um mês! Yeah!!) do Natal. Já comprei algumas lembrancinhas mas a lista ainda é longa e há ainda vários presentes a comprar.
Além disso, estaremos em processo de mudança de casa não tarda muito e já temos várias coisas que precisamos efectivamente de comprar (do género, frigorífico, máquina de lavar).

Posto isto, pensei em começar em Janeiro - mas não ao estilo de "começo a dieta na segunda-feira." Começar em Janeiro à séria e até lá mentalizar-me para isso e ir gerindo com cuidado todas as compras. Tentar focar-me apenas no Natal e mudanças e não embandeirar em arco com a coleção de criança da Zara, que é assim de perder a cabeça - Note to self: a C. não precisa de mais roupa (neste momento)!

Não sou nenhuma maluquinha das compras, e sobretudo procuro sempre preços mais baixos, mas acho que ter presente esta limitação vai ser uma dificuldade. Uma coisa é gastar pouco dinheiro, outra é saber que não se pode gastar dinheiro algum. 

Há um processo de mentalização que aqui é importante, sobretudo se, findo o primeiro mês, sobreviver para seguir com o próximo; assim, um mês de cada vez.

Para tornar tudo mais fácil, vou optar por transferir o meu ordenado todo - na íntegra, até ao último cêntimo - para uma conta de que não tenha cartão multibanco. Não só não poderei gastar por princípio e desafio imposto, como não será, de todo, possível. 

Voltamos a este tema em finais de Dezembro - já está na agenda!
Wish me luck.

Casa #3


Chegamos ao Porto depois de dezenas de casas vistas e viemos parar a um sítio que, agora, adoramos. À primeira vista pareceu-nos ser completamente isolado, mas rapidamente percebemos que é um parque no meio de uma cidade, com todos os bens e serviços que precisamos. Bem vindos aos Pinhais da Foz.

Para mim que achava que não ia encontrar o Parque das Nações em nenhum lugar do mundo, dobro a língua. Hoje em dia, prefiro viver aqui do que na Expo. Há relva que nunca mais acaba, espaço que não tem fim, as ruas são sem saída, só para moradores e temos a dois minutos a pé cafés, pastelarias, supermercado, banco, farmácia e lojas de comércio tradicional super fofas, onde me desgraço não poucas vezes.

Para além disso, as pessoas são imensamente simpáticas, já toda a gente conhece a C., que brinca aqui à volta como se estivesse no parque. Estamos a quinze minutos a pé ou de bicicleta da Foz; o parque da cidade é já ao virar da esquina, mais à frente temos Serralves. Adoro, mesmo, o sítio onde viemos parar e que foi só por sorte. 

Esta casa é mais pequena do que a anterior e portanto uma pequena parte da mobília ficou "à porta". Há menos espaço, sobretudo na sala, que entretanto também foi sendo cada vez mais invadida pelos brinquedos da C., mas conseguimos criar um espaço que é muito confortável.

Adoro a cozinha, pela disposição, e o sol é a melhor coisa do mundo. A orientação solar é perfeita e temos um sol que invade os quartos de manhã e se prolonga na sala e cozinha a tarde toda até se por no mar, que vemos lá ao fundo. 

Gosto muito, muito desta casa e ainda mais do sítio onde está. A procura foi demorada mas há uma grande parte de sorte, porque nunca quisemos especificamente vir para aqui; aliás, ao contrário do Parque das Nações, nem se quer sabíamos para onde queríamos ir porque mal conhecíamos o Porto. Mas foi uma sorte e uma felicidade.

Menos sorte, no entanto, e sobretudo muito menos felicidade foram os vizinhos que nos calharam na rifa. Temos tido bastantes problemas com eles, que infelizmente não se resolveram e creio não resolverão porque quando o mal é de fundo, dificilmente se concerta. Pau que nasce torto nunca se endireita, acho que é mais ou menos isso, e a vizinha de cima é sem dúvida muito torta. Estamos numa fase em que só falta chamar a polícia e já estivemos mais longe.

Estamos há pouco tempo nesta casa, sete, oito meses sensivelmente, não fizemos eventos por aí além porque nem houve tempo, mas recebemos os amigos todos nos 33 anos do P. e a família toda no segundo aniversário da C. Todas as pessoas que são importantes já cá vieram almoçar, jantar, lanchar, algumas dormir. Foi aqui que a C. aprendeu a dizer que "mora no Porto" e é para esta casa que pede para vir quando já está cansada de algum sítio. Foi aqui que montamos o baloiço dela, onde passa horas e horas a pedir para empurrarmos mais alto, e onde aprendeu praticamente todas as palavras que diz (que são todas!) Estamos confortáveis e felizes.

Porque tínhamos (eu tinha?) um grande desejo de comprar a nossa casa, não vamos ficar aqui muito mais tempo. Na verdade, pelos problemas causados pelos vizinhos, começamos a ver alternativas pouco tempo depois de chegarmos. 

A parte mais simbólica desta temporada no Porto é que no ano de 2016 vimos quarenta e duas casas com vista ao arrendamento ou à compra e compramos exactamente a quadragésima segunda.

A 3 de Novembro de 2016, às 11.00 h., publicava aqui o post da nossa primeira casa e entrávamos para o cartório para escriturar a compra da última. Felizes, porque tudo faz sentido. 

O que aí vem vai ser uma aventura, de obras e mudanças, mas o sentimento geral é de calma e tranquilidade. Não me lembro, para além da decisão de termos filhos, de um passo tão importante e significativo. Sinto que estamos a começar uma página nova onde tudo pode acontecer e isso é maravilhoso. 

O felizes para sempre continua, mas vai ter nova morada. Bem vinda, casa nova.

Estou a um danoninho de criar uma explicação cientifica para as constipações

Já devia ter pensado nisto antes, é verdade; devia ter feito uma análise mais aprofundada e em detalhe de todos os elementos externos às constipações aqui de casa. O que se passa é que a minha filha está constipada pela décima vez este ano e eu acho que já percebi porquê.

Frio do Porto? Não
Destapar-se de noite? Não me parece
Andar descalça? Nem pensar!

O que constipa a minha filha são as viagens do pai (ou da mãe).
Tenho esta como uma quase verdade científica - e só não é certeza certezinha porque não analisei todos os dados. Estou a partir de uma amostra - as últimas duas ou três constipações - para chegar a uma conclusão. Mas afinal, não é isso que a ciência faz?

Pois bem.
A minha filha está constipada porque a semana passada o pai foi para a Holanda e esta semana para a China e Índia.
Em Outubro esteve constipada na semana em que eu estive na Bélgica.
E se andar mais para trás vou encontrar - de certeza! - exemplos idênticos.

Lembrei-me disto porque me veio à memória um comentário que uma tia do P. fez em tempos. O tio viajava imenso (ainda mais do que o P.) e ela contava que os filhos (na altura bebés) ficavam sempre doentes quando o pai não estava. 

Acho que é a reacção física às saudades, não há outra explicação.
E se isto não fosse mau porque é doença, era fofinho.

Espero que a constipação actual passe rapidamente e que não haja mais nenhuma este ano (mas o P. já tem uma ida não sei onde na próxima semana e mais uma a qualquer lado no início de Dezembro). Se houver, no entanto, estarei atenta para confirmar se coincide com ausências. Em coincidindo, descobri a pólvora. E nota para o meu homem: acabaram as viagens!

Tive uma ideia espectacular! Pai natal, está atento por favor

Já tenho aqui falado algumas vezes do meu especial gosto pela manicure. Acho que ter as unhas arranjadas é tão importante como ter o cabelo lavado ou um ar apresentável. Detesto unhas estaladas, como detesto cabelos oleosos ou roupa suja. E por muito arranjada que uma pessoa ande, se tiver unhas estragadas, está o caldo entornado. Minha opinião, claro.

Posto isto, vou converter-me ao gel. Lutei enquanto pude mas está na hora. Não consigo aguentar as unhas em condições por mais de três dias e sobretudo não encontro nenhum sítio que goste onde possa ser fiel e ir com mais frequência. 

Garantiram-me que as características das minhas unhas vão fazer aguentar o gel impecável (à excepção do crescimento normal da unhas, mas isso resolve-se) durante quatro semanas. Já pensaram nisso, quatro semanas sem me preocupar?

Fiz um pequeno estudo de mercado e em termos de preço também compensa. Mas sobretudo, não há nada que chegue a ter unhas brilhantes, impecáveis, secas em dois minutos e lindas de morrer durante três ou quatro semanas.

Assim sendo,
Querido Pai Natal, este ano portei-me muito bem por isso se quiseres ser muito amigo podes trazer-me uma sessão de aplicação de unhas de gel. Muito obrigada. Beijinhos da Cisca.


Há muitas especiais mas esta tocou na minha vida e no meu casamento

Now I've heard there was a secret chord
That David played, and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do you?
It goes like this
The fourth, the fifth
The minor fall, the major lift
The baffled king composing Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew her
She tied you
To a kitchen chair
She broke your throne, and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
You say I took the name in vain
I don't even know the name
But if I did, well really, what's it to you?
There's a blaze of light
In every word
It doesn't matter which you heard
The holy or the broken Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
I did my best, it wasn't much
I couldn't feel, so I tried to touch
I've told the truth, I didn't come to fool you

And even though
It all went wrong
I'll stand before the Lord of Song

With nothing on my tongue but Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Leonard Cohen
Hallelujah

Portanto, já percebi que não posso andar nua em casa

Não que ande nua em casa, é só uma força de expressão para demonstrar que todas as coisas que acontecem à frente da minha filha, podem muito bem ir parar aos ouvidos dos vizinhos.

Se não vejamos:

1. Fez dois anos há um mês e por diversas vezes, curiosamente em elevadores ou espaços mais pequenos (lá a miúda acha que isto é um bom desbloqueador de conversa) diz: A C. fez dois anos - enquanto exemplifica com os dedos.

2. Se alguém lhe pergunta o que fez, nesse dia ou no fim-de-semana, rebobina a informação:
- Fui a casa da T;
- A mamã ficou triste porque a C. deitou a maça ao chão (eu tinha-me zangado efectivamente);
- Viu um Noddy na tisião (aka televisão).

3. Sem mais nem porquê, encontra os vizinhos na rua e diz.
Eu sou a C. (enquanto bate com a mão no peito);
O papá P. está a trabalhar no avião;
A mamã A. está em casa.

4. Na aula de música, já disse à Professora S. que o papá tem uma guitarra igual à dela;

5. No pediatra, disse-lhe que a cadeira é igual ao do pai (é, de facto)

E tudo isto tenderá por certo a piorar com a idade. Ainda há dias uma amiga passou no semáforo amarelo com o filho de três anos dentro do carro e no dia seguinte na escola as educadoras já sabiam que "a mãe gosta muito de passar vermelhos."

Só esperava este tipo de coisas lá para os cinco anos. Temos de ter imenso cuidado com o que dizemos porque ela repete tudo. 

Aqui há tempos nas urgências o médico que nos atendeu perguntou se já tínhamos considerado a hipótese de lhe tirar as fraldas (ela ainda estava vestida nesta altura). 
Ora, a C. faz o número dois no pote desde os 9 meses e este ano no Verão (22 meses) fizemos o desfralde total (de dia - ainda dorme à noite de fralda). 
Quando contei a sugestão do médico à minha mãe, ela saiu-se com um "Oh, juízo, doutor!" como quem "não está a ver que a menina já não usa fraldas há séculos? 
Pois que a senhora minha filha adorou aquela expressão e agora sempre que dizemos alguma coisa que na cabeça dela não tem jeito nenhum ("C., não risques a mesa!"), ela do alto dos seus dois anos responde com um maravilhoso e sarcástico "juízo, doutor!" Temo pelo dia em que diga isto em frente a algum médico..!

Portanto, temos uma esponja super absorvente em casa, que está sempre com um olho no burro e outro no cigano, que é como quem diz, não lhe escapa nadinha do que se diz ou faz. Creio que isto é o começo do fim da nossa vida privada portanto, mesmo que quisesse muito, não posso andar nua em casa.


Uma casa vazia

A profissão do P. faz com que tenha de viajar com grande frequência. São raras as semanas em que não tem pelo menos uma ida a um qualquer país da Europa (geralmente ir e vir no mesmo dia ou dia seguinte). Com menos frequência agora, Estados Unidos e este ano já Austrália, China e Índia, em viagens maiores.

Depois do ano e pouco em que viveu nos Estados Unidos e que correspondeu exactamente ao primeiro ano de vida da C., qualquer viagem parece em teoria mais pequena. Nada jamais se poderá comparar a ter vivido noutro país, com visitas ocasionais a casa de poucos dias e estamos imensamente gratos por isso ter acabado.

Ainda assim, porque somos insatisfeitos e sobretudo temos a capacidade fantástica de esquecer e desvalorizar o que passou, as viagens de dias parecem demasiado longas. Estamos naquela ponto em que já não nos lembramos como é que aguentamos um ano separados e não fazemos ideia como vamos aguentar duas semanas.

Com esta agravante.
A C. sente agora a falta do pai. Pergunta por ele (ela sabe que está a "trabalhar no avião") e faz algumas das brincadeiras que fazem os dois juntos. Mas tem saudades. E fica um bocadinho zangada quando ele chega. Já cobra, este piolho de dois anos.

Depois, a casa fica mais vazia. E não é por ele medir dois metros; é porque há mais silêncio, daquele que não gosto. Há seguramente menos gargalhas de C., que ri o tempo todo que está com o pai e há menos brincadeiras, menos asneiras, menos confusão. Não gosto da nossa casa assim. Gosto quando estamos os três e tudo é música, barulho e riso. Falta definitivamente alguma coisa neste puzzle que é a nossa família se o P. está fora. E desta vez, são duas semanas em que não estamos completos.

Volta sempre a onde foste feliz

Na semana passada, passamos um feriado maravilhoso em Coimbra, cidade onde tudo começou e onde fomos tão, tão felizes (eu pareço o Malato, sempre com isto de ser feliz aqui e ali). Voltar à Universidade onde estudamos, mas desta vez com uma filha, é assim um misto gigante de emoções. 

Começamos o dia no Portugal dos Pequenitos, onde andamos no meio de casas e casinhas, com a C. a fechar todas as portas e janelas, mais preocupada com a organização do que com o passeio.

Almoçamos do outro lado do rio, na esplanada em pleno Novembro. A C. sentada à mesa connosco, a comer da mesma comida, tal e qual uma menina grande.

Fomos ver a ponte e o chafariz e seguimos para a Universidade, delírio total da piolha que correu no pátio e na terra e chorou para vir embora. Fomos ainda à rua onde morei e só não voltamos à melhor pastelaria da cidade por manifesta falta de tempo. Mas havemos de voltar.

Incutir o espírito Coimbra é a missão para os próximos dezasseis anos, na esperança de que ela queira seguir estes passos e tirar o curso na cidade em que ser estudante é muito mais do que estudar.

(P.S.: isto são só sonhos de quem viveu Coimbra)

Casa #2

A nossa primeira coisa tornou-se rapidamente num lar. Não foi por não nos sentirmos bem na nossa casa que quisemos mudar; o que nos tirou dali foi a zona.

Quando fomos viver para Lisboa conhecíamos mal a cidade da perspectiva do habitante mas gostávamos particularmente do Parque das Nações. Depois viemos a perceber que os lisboetas não adoram por aí além essa zona porque dizem que "não é Lisboa". Nós gostamos.Gostamos antes de ir para lá, quando fomos para lá e depois de quatro anos ali a viver e de termos conhecido o resto da cidade, continuou sempre a ser a nossa zona preferida. Não prevemos voltar a Lisboa, mas se um dia o fizermos, será certamente para o mesmo sítio.

Começamos a procura de casa e vimos algumas antes de escolher a nossa. O anúncio na agência imobiliária mostrava imagens de um sitio caótico, que parecia até antigo mas não no bom sentido.

Fomos visitar a casa e era exactamente assim: um caos de móveis e tralha, quase não se dava um passo. Adorei-a de imediato. Tinha um encanto vintage. 

Era um T2 enorme. uma cozinha de vinte e tal metros quadrados, quartos gigantes, uma sala espectacular. Tinha também alguns defeitos, que durante a maior parte do tempo nem demos por eles e que só se revelaram muito mais tarde. Por exemplo, o chão da sala era em mármore branco. Não foi um problema até a C. começar a gatinhar e estar sempre em chão muito frio. De resto, dava apenas um ar menos acolhedor. Além disso, era ligeiramente demasiado hi-tech: as luzes acendiam sozinhas quando achavam que estava escuro e os estores abriam e fechavam quando se lembravam. Não ter controlo sobre a luz, iluminação em geral não era de facto a melhor coisa do mundo.

Como esta casa era muito maior que a anterior, à mobília que já tínhamos fomos acrescentando alguns detalhes. A sala dava-se a um cantinho de leitura, com dois cadeirões, uma pequena mesa, um candeeiro. O hall de entrada era só por si uma divisão, que pedia mesmo uma cómoda à medida (mais uma vez, 8&80 de Campo de Ourique, love you so much). Na cozinha criamos uma zona independente de lavandaria, com recurso a uma estante enorme, já para não falar de todo um quarto de bebé que montámos no ano seguinte. Acumulamos uma quantidade substancial de coisas,que nos deram cabo da cabeça na altura de mudar, mas uma parte grande da história escreve-se exactamente com elas.

Assinamos o contrato que nos pôs ali no mesmo dia em que chegamos do México. Eu vinha de tal forma afectada pelo jet lag, que mal falava. Assinei a custo, não li uma palavra, mas estávamos imensamente felizes. As mudanças fizeram-se nas calmas (pelo menos agora em perspectiva é o que me parece) e viva a nossa casa nova.

Fizemos ali imensos aniversários, jantares, lanches, convívios. Recebemos a família toda, várias vezes para dormir, fizemos verdadeiros acampamentos na sala, tivemos lá todos os amigos. A F. viveu lá um semestre para acabar a faculdade. Tivemos um peixe, Robalo.

Foi naquela casa que anunciamos a nossa gravidez. Foi dali que saímos às oito da manhã, a correr para ela ir nascer no Porto, porque eu já estava em trabalho de parto. Foi ali que a C. cresceu, aprendeu a andar e a cantar e a dizer algumas palavras. Foi naquela casa que fizemos a festa do primeiro aniversário.

Para além da casa, adorávamos a zona. O Parque das Nações é um sítio especial. Passamos a viver muito menos Lisboa e muito mais a nossa zona. Íamos a pé ou de bicicleta para o trabalho, tudo se fazia andando. O carro ganhou teias de aranha na garagem mas era tudo muito confortável, quase num bairro. Também já escrevi sobre isso, à despedida.

Nos anos em que vivemos em Lisboa viemos centenas de vezes ao Norte. As viagens eram imensamente cansativas e tornaram-se "praticamente impraticáveis" depois de termos tido uma bebé que, ainda por cima, odiava andar de carro. Acabamos por encontrar uma fórmula mágica e passamos a viajar à noite, o que significa que chegamos muitas vezes a Lisboa à uma ou duas da manhã de domingos, para ir trabalhar no dia seguinte.

Sentíamos uma distância grande às bases, às raízes, à família. A decisão foi muito difícil mas tomada com certezas. Foi numa viagem Porto - Lisboa, A1 fora que finalmente nos decidimos pela mudança de que andávamos a falar há meses. 

A procura de casa nova foi um filme de terror, de que já falei também algures. Vimos vinte e uma casas e acabamos por ficar precisamente com a vigésima primeira. O processo de mudança foi como uma casa assombrada - medo, muito medo. Nada disso interessa agora.

Deixamos muitos amigos em Lisboa, que é do que mais temos saudades, mas esta casa vai também ser sempre recordada com muito carinho. Fomos imensamente felizes aqui e guardamos as melhores recordações. Não queríamos ter ido para Lisboa quando fomos mas sem dúvida que mudamos de ideias e levaremos sempre esta cidade, e a nossa casa, num lugar muito especial do coração.

Representação gráfica da minha vida nas próximas duas semanas


Representação gráfica da vida do meu homem nas próximas duas semanas


Eu achava que não gostar do meu trabalho era um problema controlado. Eu estava enganada


O que é novo é aquilo de que me tenho vindo a aperceber: há consequências em não se gostar daquilo que se faz. 

Mas vamos por partes.

Até aqui eu estava convencida de que não gostar do trabalho me causava apenas um sentimento de frustração, irritação, "por favor não quero ir trabalhar" ou mesmo de "onde é que eu entrego a carta de demissão"; diário, é certo, mas controlado.
Eu podia até admitir que a longo prazo isto se fosse transformar numa coisa cada vez mais insuportável, até um ponto de rotura, que teria possivelmente o impacto de me tornar mais chata, mais aborrecida, uma pessoa pior.

O que eu não estava à espera é que ter um trabalho que detesto me fosse tornar uma má profissional. Isto é que é grave.
Vou por a modéstia de lado e dizer que sempre me considerei uma pessoa profissionalmente muito dedicada e responsável. Sempre dei tudo pelo meu trabalho, fiz mais do que me competia, trabalhei fora de horas. Nunca falhei um prazo. Sou exigente. Acho que trabalho bem.

De repente tudo isso se está a perder. Continuo responsável, não falho prazos, não deixo passar. Mas sou seguramente menos dedicada, menos interessada, menos atenta. Estou em risco de cair no "não quero saber".

Isto é grave. Até mais desinteressada consigo perceber a gravidade da situação e a urgência de a corrigir (mudando de trabalho?) embora me sinta algo bloqueada. 

Sei que o primeiro passo para reverter este cenário é reconhecê-lo - estou a fazê-lo - e que depois disso mudar é urgente. Não te esqueças: mudar é urgente.

Mais um post em tempo real ou coisas às seis da manhã

Lisboa, aqui vou eu outra vez.
Comboio segunda casa.
Está frio que se farta.
"Metade de mim é sono."
"A outra metade também"

O post que já devia ter sido escrito

Quando, grávida de sete meses, percebemos que daí a dois o P. ia ter de ir viver para os Estados Unidos pelo menos um ano, percebi também que tinha um problema para resolver. Se uma licença de maternidade dura cinco meses e um ano tem doze, eu tinha um gap de sete em que estava totalmente sozinha.
Quem resolveu o meu problema foi a minha mãe.

A C. nasceu em Outubro e duas semanas depois o pai fez as malas e atravessou o Oceano. Eu fiz as malas e voltei a casa dos meus pais, que viviam a 400 km de nós e tornaram a nossa vida um bocadinho mais fácil.

Quando a licença de maternidade acabou e eu precisei de estar todos os dias sem excepção em Lisboa, foi a minha mãe que me valeu: mudou-se comigo e com um bebé de cinco meses e fomos viver as três.

Quando no ano seguinte nos mudamos para o Porto, e passamos a estar a 40 km dos meus pais, a minha mãe continua a ser a pessoa que mais nos ajuda em todos os sentidos.

No dia do nosso casamento, recebi da minha mãe um colar com um coração e um postal onde me dizia que eu ia voar mas que ela ia ser sempre a minha rede de segurança.

Cinco anos depois, a minha mãe é muito mais do que uma rede. É um braço que nos leva ao colo, uma ajuda que não tem medida.

Jamais conseguiremos agradecer o suficiente pelo apoio e ajuda incondicionais com a nossa filha mas estamos profundamente gratos e jamais nos esquecemos disso.

Cisca também fala do tempo

Tive este pensamento maravilhoso quando, pela primeira vez este ano, senti o frio do Inverno. Chegou esta semana, não foi? Os dias têm estado bonitos, de sol, mas começo a sentir o frio. Apesar de adorar estes dias - cachecol e óculos de sol, já disse isto um milhão e quatrocentas mil vezes - o frio em si não é coisa que me agrade por aí além.
Por isso lembrei-me que, bem, bem, era sermos todos como os animais de pelo, que não precisam cá de casacos e mantas e nem se constipam (não constipam pois não?)
Digo isto no meio de uma crise de dores de garganta e de uma constipação da minha filha e pensando já nos euros que me vão sair da conta por ter de ligar o aquecimento todos os dias.

Em todo o caso, é justo dizê-lo, este ano tivemos calor até tarde. Não me lembro de em Novembro andar de camisolas finas e mesmo de ter calor. O ano passado por esta altura já tínhamos ido buscar os aquecedores todos à garagem e estava tudo em força máxima. 

A parte boa deste tempo frio é que começa aos poucos a cheirar a Natal. 
A C. já disse que quer um "panda xiganteeee" e que o "tio D. vem passar o Natal." Se é isso que é preciso, que venha o frio!

Porto vs Lisboa: descubra as diferenças

Não gosto nada de generalizar, dizendo que no Porto isto e em Lisboa aquilo mas devo confessar que nos apercebemos de imensas diferenças na maneira de ser das pessoas. Acho que isto não surpreenderá ninguém.

Há uma proximidade nas gentes do Norte, que pessoalmente adoro mas a quem pode soar quase intromissão, que não se vê em Lisboa. As pessoas são mais distantes ou distraídas. Vou dizer, correndo o risco de ser injusta com muita gente, que são mais frias.

Fiz bons amigos em Lisboa. Amigos lisboetas. Isto é só uma generalização, que como todas as generalizações abarca situações injustas. Mas têm tido connosco algumas atitudes no Porto que jamais se veriam em Lisboa; ou, por outra, que jamais vi em Lisboa.

Aconteceu-me em tempos em Lisboa, devido a muito más notícias, chorar desalmadamente na casa de banho do trabalho. Entrei em desespero, sentei-me na (tampa fechada) da sanita e ali fiquei em soluços. Não fechei a porta porque nem pensei nisso e entrou uma colega que tão depressa a abriu e me viu ali, como a  fechou e pediu desculpa.

Ora, eu não sou exemplo para ninguém, mas se vir um colega a chorar em pranto dentro de uma casa de banho da nossa empresa, o mínimo é perguntar se precisa de alguma coisa. Esta pessoa, ignorou simplesmente o quadro.

Meses depois, numa sexta-feira ao final do dia, saía do escritório do Porto para o elevador e vinha com uma lente a arranhar-me imenso o olho e, por esse motivo, a pseudo-chorar. Uma colega que também esperava o elevador teve de imediato uma atenção comigo, a querer perceber se estava tudo bem.

Acho isto absolutamente característico do Porto. As pessoas são interessadas (ou cuscas, não interessa) e preocupam-se de uma forma que parece genuína. 

Isto é só um exemplo, sem qualquer valor estatístico e não se ofendam as pessoas de Lisboa - já disse várias vezes que aí vivi quatro anos muito felizes.Mas não sei se do tempo, se das distâncias, se do tamanho, não há nada que chegue ao Povo do Norte