À espera de um milagre

O D. nasceu na segunda-feira, 14 de setembro, às 18.00 h. 39 semanas e seis dias depois.

O D. é filho da minha D., minha amiga, minha madrinha de casamento, minha pessoa. Vivi com ela à distância, mas o mais próximo possível, esta gravidez. Falamos todos os dias, trocamos ideias, fotografias, vi a barriga crescer. Estava imensamente feliz desde o dia em que me disse que estava grávida, partilhamos esta felicidade, fizemos planos. O D. pode muito bem vir a ser namorado da C.

O D. nasceu e teve um problema respiratório, que o levou para a neo, que o afastou da mãe. Teve complicações durante a noite e foi transferido para um hospital de topo no dia seguinte. O D. está em boas mãos mas tem um quadro complicado, demasiado complicado para um recém-nascido, para uns pais, que têm o coração feito em água e a alma sabe-se lá onde.

Têm sido dias horríveis.
Estou ao lado deles mas não consigo imaginar a dor que sentem. Não sei como é que isto foi acontecer. Queria um botão de passar para trás e começar de novo. Como é que foi acontecer? Como é que se passa de estar grávida e ter uma felicidade imensa, de viver num sonho a tempo inteiro para se entrar neste pesadelo?

Os resultados dos vários exames que fez vão chegando e as coisas são complicadas, o quadro é grave. Não acredito bem nisto, não parece real. Esta história não é dela, não é deles. Por favor que alguém venha dizer que se enganou..!

Não posso dizer isto à D. mas a verdade é que acredito que vai acontecer um milagre. Estou à espera que aconteça, tem de acontecer. O pequenino acordar, espreguiçar-se e voltarem os três para casa, como tem de ser. Por favor, por favor, por favor, tem de acontecer este milagre.

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