O mês em que escrevi duas histórias


Não acredito muito na máxima "não interessa ganhar, o que interessa é participar" mas neste caso concreto acho que tem alguma aplicação.

Tenho seguido o concurso literário com alguma atenção nos últimos dois anos e o ano passado tinha pensado concorrer. Foram várias as vezes em que abri o word e fiquei a olhar para uma folha em branco, vazia, sem fazer a mínima ideia por onde começar (nem sempre adoro o "era uma vez" como princípio de história, confesso). Não fui capaz de escrever se quer uma vírgula porque não sabia por onde começar, o que dizer, para onde ir. Era um muro e eu não podia passar.

Este ano quando o concurso foi lançado, decidi novamente que queria participar mas tinha uma história alinhavada na cabeça. Surgiu de uma coisa que o meu marido disse um dia à C. quando lhe estava a vestir o pijama.
Escrevi a história toda e tive dois problemas. Primeiro, achei-a demasiado infantil para o público alvo (6 a 12 anos); segundo, o fim não tinha grande nexo com o meio. Decidi adaptá-a para que ficasse simplesmente uma história de dormir e conto-a à minha filha praticamente todos os dias. Está em papel, guardada, quem sabe um dia não faço qualquer coisa mais com ela.

Depois disto, precisei de uma segunda história, se queria concorrer. E a ideia veio uma vez mais de uma coisa que disse à C. quando ela me fez uma daquelas perguntas que os miúdos fazem e nós não sabemos bem responder. Inventei uma resposta e isso foi a base para a minha segunda história. 

Que não haja dúvida que os nossos filhos são a nossa maior fonte de inspiração.

(Num destes últimos fins-de-semana perguntou-me outra coisa sobre as moscas e tenho um rascunho de um terceiro conto para escrever.)

Na verdade, não interessa muito se participarei ou não no concurso, porque isso já não é importante. Consegui escrever duas histórias e fazer de uma delas um original para a minha filha (que talvez possa ilustrar com a ajuda de uma amiga e imprimir para a posteridade). Quando penso na folha em branco do ano passado e nas várias folhas que consegui escrever este ano, percebo que o mais importante foi feito. Porque já não me lembrava que produzir é maravilhoso.

1 Coisas dos outros