Aos 29 dias do mês de Fevereiro

Quis o planeta alinhar-se para que este ano houvesse mais um dia antes dos meus anos. Nada contra. Confesso até que me dá algum jeito que tinha coisas para fazer.

Não sei se por isso, se por outro motivo qualquer, ontem dei comigo em "resoluções de anos novo". E não, não é Dezembro.

O próximo ponto vai ser - adianto já - uma espécie de "30 coisas para fazer antes dos 30" - objctivo para que disponho de exactamente um ano.

Mas antes disso, há uma ou outra coisita que tenho mesmo de pôr em prática de imediato. Os 29 são uma altura como outra qualquer e espero que se mantenha em actualiazão constante:

Tratar mais de mim
Parece tão óbvio mas ando a esquecer-me. Coisas simples. Detalhes. Sobrancelhas arranjadas. Cabelo decente. Mais brio. E perfume. Tenho mesmo de repensar a introdução do perfume na minha rotina (o Musti não vale). E tirar a maquilhagem todos os dias, isso também era importante.

Tratar mais do meu casamento e do meu marido
Esta é ainda mais óbvia. Continuo a ter tanto orgulho em poder dizer "o meu marido" como tinha no dia em que casei. Faz de mim uma pessoa imensamente feliz e estou tão apaixonada como no primeiro dia. Não quero nunca, jamais, em tempo algum, parecer que me esqueci disso. Porque não esqueci.

Tratar mais da minha casa
Gostava de ser mais fada do lar. Ter mais organização, livrar-me do que não é essencial. Ser mais prática e mais eficaz. E ir limpar a casa em vez de estar no sofá.

Ignorar mais o telemóvel
Vou ser absolutamente sincera e dizer que tenho feito um trabalho razoavelzinho neste campo. Pouso o telemóvel no móvel da entrada e, pelo menos quando a minha filha está a ver, não olho mais para ele. Mas por exemplo, agora estou de Ipad na mão enquanto ela anda aqui a brincar. Não está certo, vamos corrigir isso - agora!

Ah, então está bem!

Estamos em processo de mudança de casa. Aliás, de casa, cidade, distrito. Calha só ser no mesmo país, pronto.

O que vem a suceder?
Agora que estamos quase fora, a Padaria Portuguesa decidiu por bem instalar-se à minha porta.

"Minha porta" é uma força de expressão porque é coisinha para ficar a uns bons cem passos. Mas por favor, é mesmo debaixo da minha barba!

Pergunto, querida Padaria, era mesmo necessário? Não esperavam mais um mês e abriam já depois de eu não estar a ver? Não se faz. Uma pessoa já vai de coração apertado por deixar a casa, a zona, os parques, o rio, os restaurantes, o supermercado, até a farmácia (juro!); não havia necessidade de deixar também o pão de Deus, os croissants de açúcar, o bolo de chocolate e o pão padeira.
Pessoas más!


Não sei se de ter sido mãe, se de outra coisa qualquer, não consigo, simplesmente não consigo, não suporto, ver notícias de desgraças a crianças. E em tão pouco tempo, a miuda chinesa e as pequeninas no mar. Fico com vómitos, literalmente. É uma coisa física, que emvolve as entranhas, um sentimento completamente novo. Não sou uma pessoa insensível e nunca fiquei indiferente a este tipo de assuntos, mas agora é diferente, é mais forte, mais doloroso, mais físico. Tenho de desligar a televisão, o rádio ou fechar o jornal. E logo, logo a seguir, só quero enrolar a minha filha numa bolinha e pô-la de volta na minha barriga.


Mas afinal para onde foi o fim-de-semana?


Esta semana que passou estive alegremente entretida com um curso de iniciação à fotografia, com o fotógrafo Joel Santos. Adorei! Aprendi tudo o que sei sobre fotografia, que ainda é muito pouco mas tão mais do que quando comecei. São dez horas teóricas e dez práticas, mais uns pózinhos, e passou tudo tão depressa que realmente só prova como foi tudo tão bom (estou a dizer muitas vezes "tão" não estou?).

Adiante, gostei muito. Estou na fase de só querer agarrar na minha filha e tirar milhões e milhões de fotos. Coisa que espero poder já fazer no próximo fim-de-semana em que, se o tempo ajudar, estamos a combinar uma tarde fotográfica em Sintra. Can't wait!

Nisto de ter estado a semana toda em aulas e o sábado e doming em práticas, fez com que o tempo voasse e hoje desse comigo a pensar para onde foi o fim-de-semana. Não faço ideia, nem sei como voa o tempo. Estou só a apostar todas as fichas em com voe tão depressa o resto da semana, como estes dois dias. Pode ser?

Museu do Oriente

Foi à terceira e foi de vez.
Depois de ter marcado duas idas ao brunch do Restaurante do Museu do Oriente sem que tivéssemos conseguido ir, fomos finalmente num dos últimos sábados. Fiz reserva com um nome diferente, porque já devo estar na lista negra tantas vezes reservei e cancelei e escolhi o turno do meio dia às duas. Quer isto dizer que podemos entrar a qualquer hora, a partir do meio dia, mas é necessário sair às duas da tarde.

O espaço é super giro. Ficamos na primeira sala, junto a uma janela, vista rio, perto do buffet (parecendo que não, faz diferença).
Tem imensa variedade de comidas e bebidas, doces e salgados. Inclui sopa, pratos quentes, sumos naturais, sangria. Tudo muito bom, nem sempre em reposição, verdade, mas com imensa oferta. Foi directo para o top cinco, estou em crer.

Tem também um detalhe simpático para os pais, uma babysitter num espaço para os miudos estarem, com mesas e cadeiras, livros, lápis, balões. Achei mais vocacionado para pequeninos mais crescidos, por isso a nossa pequenina só lá esteve com supervisão parental, mas pareceu-me bem para uma faixa etária mais avançada. Apontamento simpático. Pais a encherem o bandulho, crianças felzes a brincarem. Há melhor programa?



Claro que...

... A vista para o Tejo e para o Douro é figurativa. Nem vejo o rio onde estou e nem vou ver para onde vou. 
Isto salvo se, à falta de encontrarmos casa, acabemos a morar debaixo d' Arrábida e aí nem é só vista, é todo o Douro debaixo dos pés.

O processo de procura de casa está a ser altamente complexo e por várias razões:
- Sou muito exigente (há quem prefira "chata");
- Estamos a 300 km. e temos disponibilidade limitada;
- Queremos bom, bonito, barato e maravilhoso tudo numa casa só.

Neste momento e no espaço de um mês, visitamos cerca de vinte apartamentos. Gostamos talvez de um ou dois mas que por uma razão ou outra acabaram por não vir a ser a nossa casa. Temos mais visitas marcadas mas também tempo a apertar e a possibilidade da vida debaixo da ponte mais próxima. Aguardemos pelas cenas dos próximos episódios..!


Olá Lisboa

Foi contrariada que vim para Lisboa, não vale a pena mentir.
Tinha estudado cinco anos fora, mas voltar a casa aqueles dois anos no fim do curso para ir trabalhar, mudaram radicalmente a minha posição em relação ao afastamento. De repente nem podia imaginar a minha vida fora dali, do conforto, da segurança.
Parti para Lisboa contrariada, só feliz por finalmente irmos viver juntos. Nada fazia mais sentido, mas eu preferia que fosse noutra cidade.

Os primeiros meses foram dificeis. Criei até uma barreira em relação à zona para onde fomos viver. Não trabalhei no primeiro mês e dava comigo a chorar de vez em quando. Passava os dias presa em casa, não conhecia nada nem ninguém. O P. martirizou-se por ter de trabalhar e me deixar sozinha. Desesperei à procura de trabalho.

Lá chegou ao fim de um mês. Foi uma melhoria gigante na minha vida. Um alívio. Permitiu uma série de coisas e uma delas foi começarmos a ver casas para mudar. Viemos para ao Parque das Nações ao fim de alguns meses. Foi a melhor decisão que podíamos ter tomado.

Viver em Lisboa começou a ficar mais fácil. Depois a ser bom. Criei as minhas rotinas, os meus espaços. Estendi as minhas raízes. As senhoras do supermercado tratam-nos pelo nome e viram a C. crescer. O senhor do café vê-nos ao longe e quando chegamos à mesa já lá está o pedido que íamos fazer. Fazemos a vida a pé e de bicicleta. Só saímos quando temos vontade.

A verdade é que vim contrarida para Lisboa mas hoje em dia adoro viver aqui. A nossa casa, a nossa zona, encaixa tudo tão perfeitamente, faz tanto sentido. Não pensei chegar aqui mas chegamos e somos felizes. Somos muito felizes em Lisboa.

Isto posto, é com desejos da mesma felicidade que estamos de partida para o Norte. O nosso Norte, onde o sangue fala mais alto, onde esperamos voos iguais. Dentro de dois meses passarei a escrever com vista para o Douro e não para o Tejo. E eu, que passei tanto tempo a desejá-lo, sinto agora um pequeno aperto ao pensar nisso.