Sempre a tua vez de lavar a loiça ou mãe, não leias isto

Quando falamos sobre a dualidade viver sozinho - viver acompanhado (por exemplo quando se é estudante), o meu irmão acaba invariavelmente por lançar mão do seu argumento pró acompanhado - "quando moras sozinho, é sempre a tua vez de lavar a loiça."
 
Nunca fui adepta de morar sozinha por outros motivos que não a loiça, embora reconheça validade no argumento do meu irmão.
 
Mas se tivesse de ir por razões da lida da casa, jamais quereria viver sozinha porque era sempre a minha vez de passar a ferro. Oh tarefa do demo!
 
Gosto de tratar da minha casa e lavo, limpo, aspiro, estendo e apanho roupa, arrumo e posso ser uma fada do lar, basta querer. Mas passar a ferro? Passar a ferro? Troco por qualquer outra coisa!
 
Claro que este tema é comum a muita gente,
A minha amiga M. reclamava outro dia que tinha estado um tempão infinito a passar uma camisa do homem para ele levar para o trabalho. Depois concluía com alguma felicidade na voz que não tardava vinha o frio e como vestia camisolas por cima das camisas, bastava passar os colarinhos e punhos. Lindo!
 
A mim apetecia-me ir mais longe e defender a tese do engelho total. Que mal fazia? Roupa engelhada e ponto final. Se o mundo alinhasse todo nisto eramos todos muito mais felizes. Eu pelo menos era. Fica a ideia. 
 
 

Foi preciso ter um bebé e começar a circular de carrinho por aí para perceber que o mundo não é baby friendly. Dou comigo a reparar em detalhes que jamais me chamaram a atenção (shame on me) como o facto de muitos passeios não terem rampa nas passadeiras, muitos prédios não terem acessos para carrinhos / cadeiras de rodas, alguns caminhos não permitirem a passagem dos carrinhos, os elevadores de acesso serem no cú de Judas and so on. Lamento imenso. Lamento sobretudo por quem não tem forma de contornar estes obstáculos e se vê a ombros com verdadeiros desafios quotidianos. Até ir às compras pode ser desafiante. Não está certo.
 
No prédio dos meus pais, para sair com o carrinho tenho de ir pela garagem. E a questão é - como é que eu vivi lá dezoito anos e nunca me tinha "apercebido" que o acesso aos apartamentos só se faz por escada?
 
Outro exemplo parvo.
Lojas (especialmente de bebé) com dois pisos em que ao segundo só se vai de escadas.
Ora bem, se eu tenho a minha filha e preciso de um artigo do piso dois, faço o quê? Abandono-a no primeiro andar? Não compro o que preciso? Levo o bebé e deixo o carrinho para arriscar ficar sem ele? (a este respeito só um parêntesis para dar o exemplo da Dinamarca, em que os carrinhos - e os bebés, pasme-se! - ficam à porta de tudo quanto é sítio).
 
Com estes pequenos detalhes, começo a dar por mim a optar por sítios mais amigos das rodas. Passeios mais largos e sem calçada portuguesa (outro grande drama!), acessos com rampas, locais com parque de estacionamento perto, etc. Mas há muito a melhorar. Pavimentos lisos e rampas era só o começo na melhoria das condições de circulação. Depois disso, absolutamente proibidos os locais públicos a que não se acedesse de rodas. 
 
 

A propósito dos dois post anteriores

Lembrei-me disto.
Para dizer afinal que há sempre um lado positivo.

"Can i ask you something?
I've told you two stories about what happened out in the ocean.
Neither explains what causes the sinking of the ship. And no one can prove which story is true and which is not. In both stories the ship sinks, my family dies and i suffer.
So which story do you prefer?"

"The one with the tiger. That's the better story."

"Thank you.
And so it goes with God."


Life of Pi



Ou então...

Convidaram-me para um gelado no Santini e decidi ir de carro à Baixa;
A viagem foi de sol e pouco trânsito;
Consegui arranjar lugar de estacionamento no parque e fui a pé até ao Chiado;
Caminhar ao sol é maravilhoso;
Várias pessoas pensam como eu e espalham-se pelo Rossio;
A minha filha estava bem disposta e riu-se imenso enquanto lá estivemos;
A bola de pêra rocha era perfeita;
Caminhei novamente até ao carro, desta feita com a pessoa com quem fui lanchar, que me fez companhia;
Aprendi que o elevador instalado no meio da Praça da Figueira não serve o parque mas o metro;
O meu carro tinha ficado aberto mas o mundo está povoado de pessoas boas que nada lhe fizeram;
Despachei imensos trocos na máquina de pagamento;
Saí da Baixa em direcção a casa mas acabei a parar no Areeiro, para ser diferente;
Estive sempre acompanhada e a ouvir música de fundo;
A pequenina adormeceu no carro;
Quando cheguei percebi que tinha menos uma babete para lavar.


Já estou em Lisboa há anos suficientes para saber que Baixa e carro não combinam.
Ainda assim, com um bebé a tiracolo, pareceu-me a melhor opcção quando comparada com outras (transportes, designadamente).
Não foi. Nem de carro nem de outra coisa qualquer.

Demorei quarenta minutos a chegar e trinta a encontrar lugar no parque de estacionamento da Praça da Figueira;
No Rossio estava um evento qualquer com uma pequena multidão e atravessá-lo foi uma aventura;
Nesta altura apercebi-me que tinha deixado o carro aberto;
Quando cheguei ao sítio combinado, como já tinha passado uma eternidade desde que tinha saído de casa, já estava praticamente na hora de dar de mamar outra vez;
Pedi dois sabores de gelado e um deles era mau;
Estive quinze minutos no Santini;
A C. começou a chorar no caminho para o carro;
Meia hora depois ainda estava a caminho e ela já berrava;
A pessoa que estava comigo e que ia ficar na Baixa às compras acabou por me acompanhar perante o pranto;
Metemo-nos no elevador que julguei fosse dar ao parque e acabamos na plataforma do metro;
Dei à volta à Praça toda à procura da entrada do parque que, juro, levou sumiço. Acabei por entrar pelo acesso dos carros;
Tudo isto demorou e a miúda sempre a chorar;
Raspei o carro num poste do parque;
Paguei uma fortuna pelo tempo que lá estive;
Apanhei todos os semáforos da Almirante Reis vermelhos;
Não tive tempo de chegar a casa e parei no Areeiro para dar de mamar, com a pessoa com quem tinha ido lanchar ainda dentro do carro, possivelmente a dizer mal da vida dela;
Dei de mamar a correr para não demorar mais a pessoa e ir para casa sossegar;
Não satisfeita, a pequenina chorou pelo caminho até casa;
Adormeceu na entrada da garagem;
Quando cheguei percebi que tinha perdido uma babete.

Baixa? Nunca mais!

 

Planos para esta semana

Despertador a tocar às seis e quarenta para começar bem a semana.
Reforma ao cantinho de leitura.
Ao hall de entrada.
Ao quarto da pequenina.
Arrumar aqueles armários.
E as tralhas. 
Dar um jeito geral.

E sexta aeroporto buscar o P.!

E por falar em coisas francesas

Há um bocadinho de Paris que se instalou em Lisboa, ali na Av. Duque de Ávila, já com vista para a Av. da República.
 
O espaço é muito giro, o ambiente ser agradável, até há bem pouco tempo a montra gritava Paris mas o que é mesmo, mesmo de assinalar é o que por lá se faz - eclairs. Mas não eclaris normais; eclairs "como nunca viu nem provou."
 
Confesso que não sou particularmente fã deste bolo. Fui lá por uma sugestão.
Mas assim que bati o dente naquele pequenino, o mundo como o conhecia mudou. São perfeitos. Absolutamente perfeitos.
 
Fica um cheirinho.

 


L'amour

Já perdi a conta às vezes que vi o episódio em que o Big salva a Carrie do russo e de Paris; em que a Miranda recebe a sogra com alzheimer para viver com eles; em que a Charlote sabe que em breve irá adoptar uma menina chinesa e em que o Smith apanha um avião só para dizer à Samantha o que não lhe disse ao telefone.
 
Ainda assim, nunca consigo mudar o canal quando é esse mesmo episódio que está a dar.
 
 
 

O mundo é um bidé

O P. tem uma reunião esta semana no Canadá onde também vai estar uma empresa portuguesa representada pela pessoa que partilha casa com a minha prima em Lisboa.

A M. é que tem razão.
O mundo é um bidé e encontramo-nos todos no ralo.

Cenas da vida da minha amiga grávida

Amiga grávida na gelataria:

- Boa tarde. Queria um wafle com uma bola de gelado, chocolate quente e chantily.

Senhora da gelataria;
- Vai demorar uns quinze minutos.

- Então enquanto espero dê-me por favor um copo com duas bolas de ferrero rocher!

Casa onde vive gente

Vamos confessar que tenho alguma mania das arrumações. Nada de extraordinário nem preocupante (esperem até conhecer a minha mãe!) mas em geral gosto de ter as coisas arrumadas. Casacos espalhados, sapatos na entrada, portas de armários abertas, loiça suja, tralha generalizada - não fazem as minhas delícias. Eu ajeito móveis e afofo almofadas. Ou ajeitava.
 
Desde que temos a C. a nossa casa virou creche. Na sala vejo sempre pelo menos o ovo, a cadeirinha de baloiço e o carrinho com a almofada montada. No sofá há pelos menos cinco brinquedos. O casaco e o gorro estão na cadeira da entrada. O ginásio está em cima da chaise longue. No quarto dela há peluches pelo chão. Na minha mesinha de cabeceira o cestinho com as coisas de mudar fraldas. O estendal com a roupa a secar nem digo onde está.
 
Depois comento com o P. que a nossa casa parece a feira da ladra.
E ele diz que é casa onde vive gente.
É isto que quer dizer.
 
 

Saber que a minha prioridade nestes cinco meses é simplesmente a coisa mais importante da minha vida e que isto sim dura para sempre

Quando a minha filha nasceu e eu dei entrada de um pedido de licença parental de cinco meses, achava que cinco meses era tempo suficiente. Convenhamos, cinco meses é mais do que vai do Verão ao Natal - e Deus sabe que nunca mais é Natal. É quase meio ano. Pouco tempo? Passa num instante? Claro que não, não pode.
 
Cinco meses passaram a voar. Ainda não sei para onde foram mas se alguém os encontrar, aviso já que os quero de volta.
 
Juro que foi ontem que a minha bebé nasceu, que me cabia inteira no colo, que dormia em mim. E agora passaram cinco meses e eu estou praticamente de volta ao trabalho. Faltam duas semanas. E não sei se me falta um braço ou se perco a alma mas há um bocado enorme de mim que me diz que esta vai ser a coisa mais difícil que terei de fazer.
 
Deixar a minha bebé.
Nem acredito bem nisto. Como é que nos últimos cento e cinquenta dias estive com ela de manhã à noite e de repente, no belo do dia centésimo quinquagésimo primeiro, deixo de estar? Há qualquer coisa aqui que não bate certo.
 
Dizem-me que é tudo uma questão de tempo, que a vida entra na rotina, que nos habituamos. Neste momento não acredito em nada do me que me dizem. Só posso acreditar naquilo que vejo e o que estou a ver é que em menos de nada vou deixar a minha pequenina sem saber bem como.
 
A vida tem coisas extraordinárias.
Como é que alguém que nos cai no colo passa a ser a pessoa mais importante do mundo e cinco meses depois não fazemos a mínima ideia como viver sem ela? Parece que aqui esteve desde sempre, que cultivamos este amor desde tempos imemoriais, quando na verdade esta existência é ainda tão curta. Alguém - uma mãe - me dizia que voltamos ao trabalho, temos tantos anos de estudos, fazemos coisas complicadas, o mundo é absolutamente complexo mas chegamos a casa e não há nada mais importante que as gargalhadas do nosso bebé. E que passa, este sentimento que carrego agora.
 
Ainda estou na fase de pensar que todas as gracinhas, conquistas, desenvolvimentos vão ser feitos sem que eu os veja e que a vida como a temos organizada é estúpida. As prioridades estão mal definidas, o trabalho tem de vir em primeiro lugar, os horários não se explicam, falta-nos o tempo. Conheço o conceito de horário de amamentação mas sei que não tem aplicação prática ao meu caso, ainda que esteja a amamentar. Queria dar ao Código do Trabalho o estatuto do Código Penal e criminalizar as más práticas que me vão afastar da minha pequenina entre as nove da manhã e as sete ou oito da noite.
 
Aproveitar ainda assim para lembrar que é urgente mudar o foco. E que devo esquecer a precaridade no emprego e concentrar-me no que é realmente importante. Saber que a minha prioridade nestes cinco meses é simplesmente a coisa mais importante da minha vida e que isto sim dura para sempre.

Bucket list

 
O P. lançou-me um desafio de que, segundo ele, estou mesmo a precisar - escrever a minha bucket list. Não necessariamente antes de morrer mas coisas que gostava mesmo de fazer, devendo escolher em cada ano uma delas e fazê-la mesmo.
 
Assim muito de repente lembrei-me de meia dúzia de coisas que gostava mesmo de fazer. Coisas simples, daquelas que adiamos porque sim, porque a vida se mete no meio.
 
Posto isto, e porque mais um aniversário se aproxima a passos largos, a primeira coisa a fazer é elaborar a tal da lista e decidir o projecto deste ano. Cá voltaremos.

Yoga?

Fui lanchar com uma amiga que vive na Madeira e com quem me encontro sempre que vem ao Continente - duas ou três vezes por ano. Já não a via desde Outubro. Aproveitamos sempre estes encontros para pôr a conversa em dia e contar todas as novidades. A última dela é que começou um curso de yoga.
 
Desde entoar mantras, a alinhar chakras e fazer meditação, está tão entusiasmada com a coisa que me deu também vontade de experimentar. A ideia é adoptar um estilo de vida e não fazer posições estranhas por uma ou duas horas por semana. Há toda uma teoria aliada à prática. Mas que vem a redundar num ritmo mais calmo, mais tranquilo, mais pausado. Além disso, há todo o lado de "energia positiva atrai energia positiva" de que gosto particularmente. Aliás, tudo o que seja positivo, para cima e pozinho de prelimpimpim é muito bem aparecido. Quem sabe se não tentamos uma coisa nova.
 
 

O flight tracker permite-me saber que começam agora a sobrevoar território norte americano e que dentro de duas horas estarão a aterrar um voo sem atrasos. São as vantagens da tecnologia, que me mostra o caminho que fazem, contrário a nós. Caminho que percorrerei também em breve, neste plano que traçamos de geografia complexa. Nota mental - tratar dos passaportes, meu e da pequenina, que com viagens transatlânticas se faz gente grande. Bem vindos ao século XXI.

A teoria de tudo

Ontem à noite tivemos sessão de cinema caseira com a Teoria de tudo.

Breves notas.

Chorei sempre. O tempo todo. Eu que nem choro em filmes.
O actor principal, Eddie Redmayne, faz o papel da vida dele. Absolutamente maravilhoso. Espero que ganhe todos os Óscares da Academia.
A Jane Hawking é uma mulher como todas as mulheres devem ser. 
É urgente ler o livro escrito por ela.
Manter o sentido de humor numa situação como esta é uma chapada na cara do mundo.
Não há nada, mesmo nada, que chegue à saúde.


E o amor é maravilhoso.

A normalidade pode ser maravilhosa

Acordar às oito para alimentar a fera que dá ares da sua graça no berço.
Deixar bebé e respectivo pai a dormir enquanto se dá um salto ao supermercado.
Arrumar compras. Adiantar almoço. Dar de mamar.
Almoçamos. Tomamos café na pracinha enquanto que a piolha dorme no carrinho.
Voltar a casa. Tratar da roupa. Fazer um bolo. Mais logo o jantar. Quem sabe depois um filme. Ou um livro.
Outra vez a normalidade. Que é maravilhosa.

"O trabalho é obviamente teu"

A D. estudou comigo na faculdade.
Licenciou-se. Fez o mestrado. Defendeu a tese.
Inscreveu-se na Ordem. Estagiou os anos necessários.
É advogada.
Na próxima segunda-feira começa o trabalho de empregada de mesa num restaurante no aeroporto de Stanford em Londres.
 
As pessoas mudam de vida.
E eu adoro essas pessoas.

Sheinside - o regresso

Demorou pouco menos de um mês mas valeu a pena a espera. São tão lindos e maravilhosos como imaginei e vêm bem a tempo do Inverno. Site de confiança. Fica a dica. 

Agora já és tu

Aqui há umas semanas, o meu pai perguntava-me se estava bem, se me sentia bem, se estava de boa saúde.
 
- Porquê - perguntei eu - estou com mau aspecto?
 
- Estás com aspecto de que te falta o P.
 
É bem verdade.
Acho que já aqui falei disso mas sou menos eu quando estou tanto tempo longe dele. Não mata mas mói, vai moendo ao longo das semanas e eu vou sendo cada vez mais uma pessoa diferente. Sei o que o meu pai quer dizer. Fico menos alegre, canto menos, não saltito. Resmungo mais, às vezes viro bicho. Já fui mal educada. Não me aguento.
 
Esta semana há todo um novo eu a despertar, em crescendo. Vou assumindo a minha forma normal e já canto, até saltito. Dizem-me que esta sou eu, que estou de volta. E estou, porque o P. está a chegar!

Morning person

Sou definitivamente pelas manhãs, quase que diria que quanto mais cedo melhor. Não há nada que chegue à calma, ao sossego e à paz de uma manhã. Estivesse eu autorizada a isso e começava a trabalhar às sete da manhã para terminar às quatro da tarde. Mas infelizmente nestas coisas, quanto mais cedo se entra, mais tarde se sai, pelo que o esforço não compensa. Mas gostava. Como gosto de sair de casa antes das nove, tomar café naquele sítio especial e mundo comigo. Há pouca gente, pouco trânsito, tudo é mais devagar. E diz-se bom dia porque o tempo é todo nosso.
 
 

Eu mereço

O carro da minha tia teve um problema grave e foi para a oficina.
O arranjo, com peça de origem, ficava em mil e quinhentos euros por isso a minha tia deixou-o là a aguardar peça de sucata que baixava consideravelmente o orçamento 

Nos entretantos tem andado com o meu carro.
Na semana passada veio buscá-lo na segunda-feira e foi sexta à noite que o voltou a trazer. Disse-me qualquer coisa sobre "um barulho mas nada que não se aguente" - a minha tia é uma pérola.

Na segunda-feira seguinte (ontem portanto!) quando cheguei ao carro fazia um barulho ensurdecedor. Levei-o à oficina.
Estou a olhar para um orçamento de quinhentos e cinquenta euros e apetece-me chorar. Chorar muito. Porque é isso ou sucata.

Portanto, quatro casamentos e um arranjo de carro.
Eu mereço!

Isto sou eu a ser má

Ainda a propósito dos quatro casamentos que tenho este ano, sinto necessidade em arrumar de vez com a frustração que vai em mim e ser feliz com a minha realidade.
 
Assim sendo, quero dizer que fiz contas por alto e 1,000 € (mil euros) não me vão chegar para fazer face aos quatro casamentos. Entre prendas, deslocações e estadias (quatro distritos diferentes e nenhum deles o meu) vai a brincadeira.
E eu penso; mil euros davam umas férias a três espectaculares. E este ano a minha filha vai ter bons meses para ir para praia. E uma semaninha num hotel qualquer era mesmo o que estávamos a precisar. Mas como se o dinheiro que ia gastar nas férias, vai afinal para os quatro casamentos?
Estou frustrada.
Gosto muito dos meus amigos e fico feliz que casem mas escusava de ser tudo no mesmo ano. No ano em que eu ia de férias a três pela primeira vez.
 
Claro que nos devemos pôr sempre no lugar dos outros. E esse exercício mostra-me que no ano em que eu casei, estes meus amigos que casam este ano podem muito bem ter tido outros tantos casamentos e não deixaram de ir ao meu. Por isso vou. Vou com um sorriso na cara, evitando pensar nas não férias e lembrando que o casamento é um dos dias mais felizes da vida e devo é agradecer por o quererem partilhar connosco.
 
(Mas pronto, sol e praia vinham mesmo a calhar...!)

Invisible boyfriend

Dizer que estou absolutamente certa que nasci no tempo errado e que há muita modernidade que simplesmente não entendo.
Mas bem, eu não tenho facebook.
Certamente não sou deste mundo.
 

Não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro

Reunimos os amigos à volta da mesa no último dia do ano e foi com eles que entramos em Janeiro. Comi doze passas para pedir um único desejo. Desfizemos a casa Natal num sábado à tarde. Fizemos um brunch num domingo de manhã. Voltamos à Praça das Flores, mas com a C. A nossa filha fez três meses. O P. voltou para os Estados Unidos. O meu irmão para a Dinamarca. A F. regressou a Portugal. A M. mudou de vida e deixou a minha mais vazia. Voltei a reunir com pessoas muito especiais, para percebermos interesses comuns. Comecei a sonhar com um projecto novo. Decidi prolongar a licença mas não sei se vai acontecer. Desgracei-me no comércio on-line e prometi um mês sem compras. Fiquei em casa mais dias seguidos do que aqueles que gostaria. Fez frio e chuva. Fez pouco sol. Prometemos sinceridade mas há coisas que não consigo dizer. Escrevi segredos no meu caderno preto. Cumpri o projecto das fotografias do mês. Gostei da ideia do frasco da gratidão. Estou grata pela minha filha, pelo meu marido, pela minha família. Continuarei grata o resto do ano. Passei um dia na praia em pleno Inverno e foi um dia bom. Tive o convite para o quarto casamento do ano. Li a 'Serpentina" do Mário Zambujal e "Eleanor and Park" de Rainbow Rowell. Adorei a Eleanor e o Park porque não há amor como o primeiro. Nem como o nosso. E no final do mês, faltavam cinco dias.